Revista Hellinger, , março 2010.
O tempo corre, porém corre com tempo. Sempre tem tempo, o suficiente. Nós também teremos tempo se o acompanharmos.
Por que nos apressamos? Porque pensamos que nosso tempo é contado. E pelo mesmo motivo, impulsamos outras pessoas à pressa. Que acontece nesse momento? O tempo se afasta, deles e de nós.
O sucesso vem com o tempo e anda com o tempo. Com que tempo? Com aquele tempo que tem tempo.
Tudo aquilo que cresce desde seu interior, tem tempo. Nada é mais exitoso que o que está crescendo e o que lhe é permitido crescer. Seu sucesso já está desenhado e, portanto, chegará com toda segurança, em seu momento. Às vezes, forças externas se interpõem e acabam com seu sucesso, um vendaval, por exemplo. Com isso, pode ser que seu momento tenha passado, para sempre. Então começará o tempo para outra coisa, no momento justo.
Nosso sucesso obedece às leis do tempo. Igualmente que o tempo, caminha para frente. Como sucesso, continua. Da mesma maneira que o tempo torna-se mais com o tempo, assim acontece com nosso sucesso. Nenhum tempo olha para trás. Nós sim, ás vezes, porém nunca o tempo. Ele renova-se continuamente.
Que fazemos quando o tempo aperta? Perguntemos: quem aperta? Alguém, talvez nós, quando opinamos que o tempo corre contra nós, a ponto de abandonar-nos, de deixar-nos plantados caso não o seguremos pela mão. No entanto, o tempo que premia é raramente o tempo correto. Além do mais, é sempre temporal.
E justamente quando estamos com pressa, se atrasa. O tempo pleno é lento. É pausado e cuidadoso.
Dizemos ás vezes: o tempo é dinheiro. Que tipo de dinheiro? Falamos e atuamos desde a ideia de que quanto mais curto e reduzido for o tempo, tanto maior o lucro. Com ele temos mais tempo de presente.
Não queremos de nenhuma maneira perder nossas conquistas em economia de tempo. Porém, perguntamo-nos se estas conquistas nos concedem mais momentos. Experimentamos nosso tempo mais longo ou mais curto com eles? Ou talvez sintamos nosso tempo tão repleto que ansiamos uma pausa, um tempo de recolhimento.
Nesse tempo recolhido, a pressa termina. É o tempo criador. Nele, retornamos a nós mesmos, independentemente de quanto apressemos outras pessoas e elas a nós, com pressa. No centramento, o tempo imobiliza-se por um momento, no instante presente. Não obstante, segue em movimento. Em outro movimento, que nos leva para outro instante presente, para algo que fica. O tempo empurrador passa pelo nosso lado. Assim como veio vai embora, sem que dele nada permaneça.
Entretanto, o que é muito e o que permanece junto têm um efeito parecido como o que empurra e o que dura. Detemo-nos recolhidos quando assentimos inclusive ao apressado, ambos em seu momento.
Nosso sucesso também se detém? Nosso sucesso termina quando nós nos detemos nele. Porque ele deseja ir mais longe, recolhido, com tempo, servindo, crescendo, em sintonia com o que resta, com otimismo, além do tempo, unido ao eternamente novo.