Conferência de Rupert Sheldrake em Birmingham
Novembro 2008
Hoje, gostaria de lhes falar dos campos morfogenéticos e da ressonância mórfica, resumindo a teoria que os sustenta e as evidências que temos de sua existência e, depois, tentarei dizer como acredito que se relacionam com os campos familiares. Não sou um terapeuta familiar sistêmico, nem nada parecido. Estou um pouco familiarizado com o tema através de contatos com Hellinger e com Hunter Beaumont, além disso, minha esposa também praticou algum tipo de terapia familiar. Não aportarei nada adicional, porém tratarei de mostrar o fundamento teórico disto.
A ideia da ressonância mórfica é um princípio da memória. A base desta ideia é que existe uma classe de memória na natureza. Em vez de que todas as regularidades da natureza devam-se às leis fixas o que existiria seria um tipo de memória dentro do mundo natural, cada espécie tem uma classe de memória coletiva da qual cada individuo toma e para a qual contribui (the extended mind).
Até os anos 60, todos estavam convencidos de que o Universo era algo eterno e que estava governado por leis da natureza, que também, eram eternas. Era algo comumente assumido. A ideia das leis eternas da Natureza estabeleceu-se quando se estabeleceram as bases da era atual, no século XVII, as quais, pela sua vez, provêm da filosofia platônica e pitagórica, que sustentava que há uma realidade eterna detrás do mundo no qual vivemos. No século XIX, a maioria dos cientistas assumia que o Universo era eterno, e no século XX, a mesma ideia se manteve, até a grande revolução cosmológica dos anos 60, quando apareceu a teoria do Big Bang. Nos anos 60, começou a se ver com clareza que o Universo não era eterno, senão que se está expandindo, e que parece que começou há 15 bilhões de anos com o Big Bang. O Universo era menor do que a cabeça de um alfinete e estava a bilhões de graus centígrados e, desde então, foi expandindo-se e esfriando e, a partir de então, todas as coisas que conhecemos foram aparecendo, desde os átomos e as moléculas, até as estrelas, galáxias, os cristais, a vida. Nenhuma destas coisas existiam antes.
Assim que, se o Universo é claramente evolutivo, o que acontece com as leis eternas da natureza? Se, as leis eternas da natureza existem fora do espaço e do tempo, em certo sentido, fora do Universo, transformam-se em algo metafísico, teológico, não é algo científico, ou senão poderiam ter-se criado todas de uma vez no momento do Big Bang, como certa classe de código napoleônico. Isto também não pode ser provado. No meio científico se diz “me dê um milagre grátis e eu lhe proporcionarei o resto”. Um milagre grátis seria como tomar toda a energia que existe e todas as leis e reuni-las desde a nada em um só instante.
Porém, se o Universo é radicalmente evolutivo, por que não podem as leis da natureza sê-lo também? A ideia de que existem umas leis da natureza é uma metáfora antropocêntrica baseada nas leis humanas Somente as sociedades humanas têm leis, e nem sequer todas. As sociedades tribais têm costumes e, somente, as sociedades civilizadas têm leis codificadas, assim que, é uma metáfora muito antropocêntrica a ideia das leis da natureza, implicaria como um legislador universal, como um império cósmico, como o código napoleônico, por exemplo. E também, implicaria uma agência de implementação da lei.
A ideia da onipotência divina era a visão padrão no século XVII, a ideia da existência de umas leis da natureza tinha sentido. Agora parece que não tem sentido, porém, inclusive se o mantivermos como uma metáfora parece que teríamos que reconhecer que as leis humanas evoluem e que não estão fixas para sempre. Resumindo, o que estou dizendo é que parece que seria melhor mudar esta metáfora e começar a falar, em vez de leis, de hábitos, de costumes. O hábito é uma metáfora melhor para um cosmos orgânico evolutivo, e os costumes implicam memória. Estou sugerindo que as regularidades da natureza são fundamentalmente habituais e tudo tem certa classe de memória. Isto se aplica, não somente aos organismos vivos, senão a tudo na natureza, por exemplo, os cristais. A maneira na qual se forma um cristal depende das moléculas que existem dentro dele.
Porém, igual que com qualquer composto químico, há milhares de formas na natureza na que se poderiam cristalizar, porém somente uma aparece normalmente na natureza. E da próxima vez que esse cristal cristalizar, normalmente terá a mesma forma. A teoria padrão é que essa forma deveria ser previsível desde o começo em base às leis da natureza, de modo que, quando o fazemos cem vezes, ou mil vezes, ou um milhão de vezes, continua sendo a mesma forma. O princípio do hábito diz que, a segunda ou terceira vez que esse cristal cristaliza o faz mais facilmente, porque já existiram mais vezes anteriores. É como se houvesse uma memória no processo de cristalização. É como se fosse cada vez mais fácil no mundo todo que os cristais cristalizassem justamente dessa forma porque existiram experiências anteriores, isto é o que os químicos descobriram, era mais fácil cristalizar as coisas ao longo do mundo.
A explicação habitual era a causa de que pequenos fragmentos de cristais anteriores trasladavam-se de uma parte a outra como invisíveis partículas de pó, que novamente criam cristalização infeccionando o processo de cristalização. Assumia-se, geralmente, que eram transportados por químicos com barba, o campo dos químicos está cheio de anedotas sobre químicos com barba que pareciam transportar os fragmentos de cristais de um lado para outro. Outra teoria é que estes fragmentos foram flutuando pelo mundo como invisíveis nuvens de partículas no ar.
Eu sugiro que continuaria acontecendo o mesmo fenômeno ainda que não existissem nuvens de pó, nem químicos para transportar os fragmentos. Não somente a cristalização se produziria de forma mais regular, senão que, inclusive, mais estável, e isso significa que o ponto de fusão aumentaria fazendo necessária uma maior temperatura para romper os cristais. E isto é verdade? Na realidade sim, os novos compostos mostram incrementos no ponto de fusão, e isto é um fenômeno chocante porque se supõe que os pontos de fusão são fixos, porém não o são, realmente aumentam. Tenho informação mais detalhada disto em meus livros. Não quero aprofundar neste tema dos detalhes do ponto de fusão agora, porque está muito longe do tema dos campos familiares. O transfundo disto é o que se chama nos meus livros a presença do passado, do meu primeiro livro titulado “A New Science of Life” que foi completamente atualizado com dados do ponto de fusão e outra informação atualizada como ideias sobre novos experimentos, do qual aparecerá uma nova edição em fevereiro de 2009 na Grã Bretanha. Assim que, se quiserem um resume do “estado da arte” sobre a evidência disto, deverão esperar até fevereiro.
O mesmo aplica-se ao desenvolvimento biológico.
Se as moscas da fruta desenvolvem-se anormalmente, como acontece quando se colocam em um ambiente inabitual, quanto mais frequentemente acontece, mais provavelmente se produzirá, já que têm um desenvolvimento inabitual ao que afetar. O mesmo acontece com o comportamento. Se os ratos aprendem um truque novo, haverá ratos no mundo todo que terão muita mais facilidade para aprender esse truque. Há evidências de que isto acontece realmente. Foram feitos muitos estudos com ratos nesse sentido. Isto também se aplica no campo da evolução do comportamento animal, por exemplo, no século XIX, alguém nos Estados Unidos inventou nas cercas um passo com rolos móveis para impedir que o gado atravessasse a estrada e saísse dos campos. Era doloroso para o gado tentar atravessar este passo, já que os cascos ficavam cravados entre os rolos. É interessante que os bezerros que nunca tinham visto estes passos, não tentavam atravessá-los, no começo tentavam, porém, agora já não, é como se todos tivessem aprendido que não devem fazê-lo. Nos aos 50, um engenhoso fazendeiro americano, quem sabia disto, inventou um truque que era pintar linhas no caminho, como se fossem os rolos, e funcionava do mesmo jeito. Isto é feito em lugares como Nevada e Califórnia. Em muitos lugares dos Estados Unidos economizam milhões e milhões de dólares pintando linhas. É interessante como podemos economizar dinheiro fazendo que espécies inteiras de animais domesticados aprendam um novo medo.
Porém, isto poderia aplicar-se aos humanos. Deveria ser mais fácil aprender coisas novas quando já foram aprendidas por outros. Por exemplo, Wind Surfing, ou programar computadores. E realmente, parece que cada vez é mais fácil aprender novas habilidades. Porém, poderiam existir muitas razões para isto, incluindo melhores métodos de ensino e novas tecnologias. Isto pode provar-se com uma média de habilidade ao longo de diferentes décadas, por exemplo, com os testes de inteligência (testes IQ). Estes testes permaneceram parecidos desde 1980. Quando eu estudava estas teorias nos anos 80, previ que os resultados seriam cada vez mais altos, não porque as pessoas fossem mais inteligentes, senão porque haveria mais pessoas que já teriam realizado o teste. No final dos anos 90, um cientista que estudava os resultados destes testes comprovou que, efetivamente, os resultados eram cada vez mais altos. Entre os anos 80 e 90, o resultado médio dos testes de inteligência aumentou um 30% nos Estados Unidos, e algo parecido aconteceu no resto do mundo com os testes de inteligência. Não há evidências de que as pessoas ficaram mais inteligentes, porém sim, de que os testes se tornaram mais simples. Acredito que isto é um exemplo deste princípio da memória na natureza que eu chamo de ressonância mórfica.
A ressonância mórfica baseia-se na semelhança. Quanto mais semelhante seja um padrão de atividade hoje, mais capaz será de ressoar com padrões semelhantes do passado. Esta prova sobre os testes de inteligência acrescenta uma evidência às provas sobre a ressonância mórfica. E conhecem-se muitas provas no campo neuronal que se podem fazer e foram feitas ao respeito. Meu filho mais velho faz uns anos tinha 16 anos, e estava fazendo uma prova, aproximou-se de mim entusiasmado dizendo que seus colegas e ele tinham descoberto uma forma de conseguir pontos extras sem fazer um trabalho extra nas provas, aplicando a ressonância mórfica. Faremos primeiro, as duas últimas perguntas e, depois, voltaremos para as primeiras e, então, teremos o empurrão de todos os outros alunos que já as responderam. Alguns de seus amigos eram cépticos sobre a ressonância mórfica, porém eles diziam: senão existe não perdemos nada, porém, se existe, podemos conseguir pontos extras. Isto mesmo aplica-se às palavras-cruzadas. Muitas pessoas pensam que podem fazê-las melhor pela tarde do que pela manhã, porque muitas pessoas já as fizeram pela manhã.
Já que a ressonância mórfica depende da semelhança, isto se produz mais entre pessoas que estão em contacto, entre membros da mesma família, do mesmo grupo étnico, social e genético. Os mais semelhantes são os gêmeos idênticos. Assim que, a ressonância mórfica deveria ser mais forte entre gêmeos idênticos, inclusive, se estão separados desde o nascimento, é mais fácil pensar que um deles faça a mesma coisa que o outro.
Houve muitas discussões sobre a contribuição da natureza no desenvolvimento humano, quanto é genético e quanto se deve ao ambiente. A principal evidência vem do estudo dos gêmeos idênticos separados. Mostram extraordinárias semelhanças em sua vida, incluindo o que não se esperaria de seu programa genético. Ás vezes, os filhos são chamados com os mesmo nomes. Estas semelhanças, normalmente, tomam-se para apoiar um determinismo genético altamente determinista, e ampla especulação sobre biologia social e genes egoístas gerou-se sobre a base do estudo destes gêmeos idênticos. Porém, se a ressonância mórfica acontece, é possível que estas semelhanças sejam devido ao progresso, e não à genética. E a interpretação convencional dos estudos com gêmeos não considera o que as pessoas pensam que é a ressonância mórfica, que não se considera ou se rejeita totalmente, considerando somente a natureza, os genes, ou o meio ambiente.
Porém, se consideramos a ressonância mórfica, isto proporciona uma interpretação completamente diferente para os mesmos fatos. Se respondermos à pergunta de quem do passado se parece mais a mim e, portanto, quem teve mais influência desde o passado mediante ressonância mórfica, a reposta é você mesmo. Parecemo-nos mais a nós mesmos do que a nenhuma outra pessoa. Assim que, a ressonância mórfica mais forte que experimentamos deve-se a nós mesmos no passado. Estamos sintonizados mediante a memória coletiva com outras pessoas, quanto mais parecidos conosco, mais nos influenciam.
Acredito que a memória coletiva ou individual diferencia-se no grau, não na classe, ambas dependem da ressonância mórfica. Em outras palavras, estou sugerindo que a memória não está localizada no cérebro. A visão convencional, com certeza, é que a memória está situada em algum lugar do interior da nossa cabeça, por causa das mudanças em extremos cinéticos, proteínas, conexão entre neurônios, porém, a pesar do esforço de um século para descobrir como e onde se armazena a memória, fracassou-se porque a memória, em longo prazo, não se sabe onde está. E, é claro que o fracasso é porque a memória não está, é como tentar descobrir como foi o programa da TV da passada noite analisando cabos e transistores no aparelho da TV, acredito que a memória é mais parecida com um receptor de TV que com um gravador de vídeo, sintonizamo-lo mediante ressonância mórfica do passado, não está armazenado dentro. Evidentemente, se estragarmos o aparelho de TV, isto afetará às imagens que podemos ver nele. Se estragarmos o cérebro, isto afetará à memória, porém, isso não é uma prova de que a armazene. Se cortarmos alguns cabos do som do aparelho de TV já não se escutará, porém isso não prova que o som estivesse armazenado no aparelho de TV, somente prova que esses cabos estavam envolvidos no processo de recepção ou na emissão.
Assim que, sejamos menos radicais quanto a onde está armazenada fisicamente a memória, já que a memória é uma relação no tempo com o passado para se transformar em presente mediante a ressonância mórfica. Nem é necessário dizer que, isto é algo controvertido. Quanto ao fracasso da ciência convencional para encontrar respostas às questões que apresentei, acredito que é uma indicação de que aqui existe uma pergunta aberta e que a hipótese da ressonância mórfica tem melhor resposta aos fatos do que a ciência convencional. Porém, como funciona realmente a ressonância mórfica? Eu acredito que funciona através do que eu chamaria de campos mórficos.
Todos os sistemas da natureza que se auto-organizam têm a propriedade que o todo é mais do que a soma das partes, e tudo na natureza está organizado de forma holística, isto é, que o todo, representado pelo círculo exterior, está composto por partes, representadas pelos círculos interiores, e estas partes, por sua vez, são todos que contêm partes interiores que, por sua vez, são todos novamente que contêm partes interiores. Isto é simplesmente o modo como se organiza a natureza. Estes círculos menores poderiam ser simplesmente partículas subatômicas dentro de átomos e os átomos dentro de moléculas, e as moléculas combinam-se formando cristais. Em qualquer nível, tudo é maior do que as partes, e o tudo coordena e inter-relaciona as diferentes partes e as mantêm em equilíbrio e em harmonia entre elas, e esta elusiva completitude é o que eu chamaria campo mórfico, que vem da palavra grega que significa forma, e estes campos têm o padrão e a estrutura que têm por causa da ressonância mórfica, os campos têm uma memória elevada.
A ideia dos campos mórficos apareceu nas minhas próprias percepções na biologia do desenvolvimento. Desde os anos 20, esta disciplina tentou compreender como se desenvolvem as plantas e como crescem os embriões, e parece obvio que, nem os genes, nem os compostos químicos, podem explicá-lo. Pense em seus braços e suas pernas, por exemplo, têm exatamente os mesmos genes e os mesmos compostos químicos em tipos de células, desde o ponto de vista bioquímico, são exatamente iguais, porém, obviamente, têm diferente forma, assim que, não se pode explicar a diferença de forma em termos de compostos químicos e genes. É como se tivéssemos duas casas construídas com os mesmos ladrilhos e o mesmo cimento, porém com diferentes formas e planos, e o plano da casa não se explica pelos elementos químicos que contém.
Desde os anos 20, o desenvolvimento da biologia propôs que campos chamados campos morfogenéticos formam campos de forma que organizam o crescimento das plantas dos embriões, comportam-se como moldes invisíveis, dando forma ao organismo em desenvolvimento. Todos os campos supõem formas invisíveis, o campo gravitacional da Terra, por exemplo, é invisível, porém determina a forma em que se movimenta a lua em sua órbita, e afeta a forma da Terra, e o campo estende-se muito além da forma da Terra. O campo magnético está, ao mesmo tempo, dentro e ao redor, tem uma forma e uma estrutura, e coordena a atividade que existe em sua área de influência, assim que no desenvolvimento de animais e plantas estes campos modelam o desenvolvimento e a forma dos tecidos e coordenam seu crescimento. É interessante que os tecidos tenham uma propriedade holística intrínseca, não podemos ter um pedaço de tecido, o temos inteiro, ou não o temos, não podemos ter uma fatia de campo gravitacional ou magnético, e se cortarmos em pedaços um campo magnético, não podemos ter campos magnéticos parciais, temos campos magnéticos menores, porém completos.
Isto é completamente diferente de como se comportam as máquinas, se cortarmos uma máquina em pedaços, tudo o que teremos é uma máquina quebrada, por isso a metáfora da máquina é bastante ruim para a biologia, para explicar a teoria mecanicista da vida, acredito que a teoria do campo tenha mais sentido.
Se cortarmos uma rama de salgueiro em pedacinhos, cada pedaço pode dar lugar a um novo salgueiro, cada uma contém em si mesma a capacidade da completitude, e isto é por causa de que está rodeada ou embebida nos campos morfogenéticos do salgueiro. Se cortarmos uma minhoca em partes, também cada parte transforma-se em uma minhoca completa. Se cortarmos uma pata de certo animal, a pata regenera-se completamente em seu lugar, se cortamos a perna ou o braço de uma pessoa, temos uma perna ou braço fantasma. A teoria padrão diz que o membro fantasma se produz dentro do cérebro, como todo o consciente, as teorias oficiais sempre localizam tudo dentro da cabeça, porém eu acredito que, na realidade, esse membro fantasma é produzido pelo campo do membro perdido, para essas pessoas a sensação de membro fantasma é totalmente real.
É interessante poder investigar os membros fantasmas porque é uma oportunidade real para poder comparar os campos com o corpo físico. Nos testes mais simples descritos em meu livro Sete Experimentos Que Poderiam Mudar O Mundo, eu descrevo o caso de uma pessoa com um membro amputado que esperava na porta de sua casa (uma porta servia perfeitamente), a porta estava dividida em 6 regiões marcadas, cada uma, com um número do 1 ao 6, marcamos as mesmas áreas do outro lado da porta. A pessoa amputada, do outro lado, estava com um colaborador que devia lançar um dado ao acaso com 6 números, se saia, por exemplo, o número 4, pedíamos-lhe que introduzisse seu membro fantasma pela região número 4, de forma que tínhamos um braço fantasma atravessando por uma das divisões da porta, em qualquer caso, um bloco sólido, porém não pelas outras.
A pergunta é, pode uma pessoa medir essa energia, desde o outro lado da porta, onde está o membro fantasma? No experimento não anotamos os niveles do acaso. É possível treinar a sensibilidade das pessoas para detectar membros fantasmas. São poucos os campos do corpo, porém também, são os campos os que organizam a atividade do sistema nervoso, seus campos de comportamento, e existem campos relativos aos grupos sociais. Estes círculos daqui (desenho anterior) podem representar animais individuais, e os círculos externos os campos mórficos dos grupos sociais aos quais pertencem.
Muitos animais são sociais e têm campos mórficos em seus grupos, e acredito que estes campos coordenam o comportamento de rebanhos ou manadas. Quando vemos estorninhos voando em enormes manadas, vemos que podem mudar de direção com extrema rapidez, sem tropeçar uns com os outros. Os melhores modelos de computador sobre manadas de pássaros os representam como se estivessem produzidos por campos magnéticos, o campo do tudo, ao qual estão conectados todos os animais, as mudanças que se produzem são rápidas demais para prestar atenção nos seus vizinhos com tempo suficiente para mudar o movimento.
O mesmo acontece com os cardumes de peixes, de fato acredito que todos os grupos de animais têm uma organização que depende do campo de grupo. Por exemplo, uma manada de lobos tem essa estrutura de campo, sabem que pertencem a um grupo, e relacionam-se uns com outros em função da estrutura e da inter-relação social entre as partes do grupo, os animais não têm que estar o tempo todo juntos, os lobos, por exemplo, têm uma estrutura social na qual os jovens ficam com uma espécie de babá que os cuida quando os outros vão caçar. E enquanto isto acontece, eu sugiro que o campo mórfico do grupo de lobos não se rompe quando se afastam, senão que, continua conectando-los, inclusive, na distância. Isto permite aos adultos sair para caçar, buscar comida e depois voltar com a caça para alimentar os filhotes, já que se mantêm na distância, através do campo do grupo.
A existência desse campo, inclusive para os membros que estão separados uns dos outros, é à base da comunicação na distância. Eu acredito que a telepatia é um fenômeno normal, não paranormal, é um meio de comunicação entre membros de um grupo. Eu acredito que a telepatia é um fenômeno normal em animais e entre as pessoas, entre membros conectados de um grupo.
Como sabem, existe um tabu sobre a telepatia nos meios científicos e acadêmicos porque não encaixa com a idéia materialista da mente na qual a mente está dentro do cérebro, não deveria acontecer desde um ponto de vista materialista, assim que, muitos cientistas fingem que não exististe e negam a evidência que sugere que existe. De fato, este tabu mantém-se com força, e existem grupos organizados cépticos que atuam como cientistas atentos e se enfrentam de forma ativa a esta ideia e, inclusive, impedem que se estendam os resultados disto, questionando o tempo todo e tratando de desacreditar a evidência, porém a evidência é bastante forte, inclusive, ela não contradiz muitas das bases teóricas da física.
Em física quântica existe um fenômeno chamado interconexão, que diz que as partículas que formaram parte do mesmo sistema permanecem conectadas, inclusive, mesmo que estejam separadas milhões de milhas, de forma que uma mudança imprevista em uma delas pode afetar, instantaneamente, à outra, como se fizessem parte do mesmo sistema. Assim, os fótons emitidos pelo mesmo átomo, quando se movimentam em sentidos opostos à velocidade da luz, de acordo com a teoria quântica, devem ter polarização oposta, porém, a polarização de cada fóton não está determinada, senão que está aberta. Quando medimos um deles e descobrimos sua polarização, o outro, instantaneamente, terá a outra polarização. Assim que, experimentos deste tipo mostram que os sistemas físicos estão conectados de uma forma misteriosa e surpreendente.
Albert Einstein pensou que a teoria quântica parecia permitir o que chamou de fenômenos à distância assustadores, e por essa razão, pensou que devia estar enganado, porém, os experimentos demonstraram que Einstein não estava enganado e que a teoria quântica era correta, e que, realmente, existiam fenômenos assustadores à distância. E não tinha nada haver com a distância, era indiferente se esta era de centenas ou milhões de quilômetros. Se existem dois indivíduos que pertencem ao mesmo sistema, não importa a distância na qual estejam são parte do mesmo sistema. E isto nos proporciona uma analogia para a telepatia, e da mesma forma que a telepatia, também, não tem nada a ver com a distância.
Já que penso que a telepatia é uma forma normal de comunicação entre membros de grupos animais, passei anos investigando a telepatia em animais. Comecei com os animais que conhecemos melhor como os domésticos, cachorros e gatos. E comecei reunindo histórias sobre milhões de donos de mascotes e treinadores de animais, pessoas cegas, cachorros cegos, treinadores de cavalos, sobre suas experiências. E existem milhões de exemplos de como os animais detectam as intenções de seus donos à distância. Uma história comum sobre gatos é que sabem quando o dono pensa levá-los para o veterinário, e desaparecem. Para algumas pessoas isto é um aborrecimento, e fazem tudo o possível para não lhes dar uma dica, não mostram a cesta de transporte, não mencionam a palavra “ veterinário”, e alguns deles, inclusive, ligam para o veterinário desde o trabalho para que o gato não fique sabendo, porém façam o que fizerem, o gato não está aí quando chegam em casa para recolhê-lo. Isto acontece tão frequentemente que fizeram uma enquete em 65 clínicas veterinárias para ver se tinham um problema com as pessoas que marcavam consultas com gatos, 64 de 65 falaram: sim, acontece muito fraquentemente, e na única que sobrou falaram que não marcavam consulta.
Uma das coisas mais típicas é que o cachorro detecta quando o dono está chegando em casa. Muitos deles encontram o cachorro grudado na porta ou na janela quando chegam em casa. Em muitas casas, sabemos quando uma pessoa vai chegar pelo comportamento do cachorro. Mais ou menos o 50% dos cachorros têm este comportamento antecipatório, e um 30% dos gatos, e não porque os gatos sejam menos sensíveis, senão porque têm menos interesse. Os cépticos dizem que isto se deve á rotina, que os cachorros têm muita mais capacidade de ouvir o carro do dono. Meus colegas e eu fizemos muitos experimentos para prová-lo. Filmaram o lugar onde o cachorro esperava. Fizeram que a pessoa se afastasse 5 milhas, e chegasse em casa num horário ao acaso, e que voltasse em taxi, para que o cachorro não identificasse o som do seu carro. Ninguém na casa sabia quando esta pessoa iria chegar. Muitos cachorros iam para a janela, ou para a porta, quando a pessoa decidia voltar para casa, e isso acontecia antes, inclusive, de entrar no carro. Com certos cachorros, é lógico que respondem às intenciones do dono, quando não podiam sabê-lo por nenhum outro meio. Há muitos outros exemplos com animais que estão resumidos em meu livro Cachorros que sabem quando os seus donos chegam em casa.
Os mesmos princípios aplicam-se às pessoas. Parapsicólogos que estiveram investigando a telepatia utilizaram, infelizmente, métodos muito artificiais, os métodos tradicionais, por exemplo, incluem cartões que devem ser adivinhados desde um quarto diferente, porém esta não é a forma na qual a telepatia funciona na vida real. E recolhendo historias de pessoas sobre suas experiências telepáticas, é lógico que uma categoria está composta pela telepatia entre mães e bebês, isto nunca se investigou antes cientificamente. Muitas mães informaram que quando estão dando de mamar e estão longe do bebê, muitas vezes sentem que o leite começa a sair e ficam prontas para alimentar o bebê, inclusive, mesmo que este esteja a muitos quilômetros de distância, e quando isto acontece, muitas mães assumem que o bebê a precisa e, então, vão para casa, ou telefonam para casa através do celular, para ver se o bebê realmente a precisa. Fiz estudos estatísticos para investigar que isto acontece em uma percentagem mais elevada do que o simples acaso.
Porém, o caso mais comum é o de telepatia através das ligações de telefone. Pensem em alguém que liga pelo telefono e, então, o outro lhe responde: “que coincidência, realmente estava pensando em você”. Estatísticas feitas na Europa, nos Estados Unidos e em outros lugares mostram que um 80% das pessoas tiveram estas experiências. Hoje, foi experimentado pelo o 85 ou o 90 % dos que estamos aqui. A resposta científica habitual para isto é, ou desprezá-lo ou ignorá-lo, e dizer que era somente uma coincidência. Sempre estamos pensando em diferentes pessoas, alguma delas pode telefonar e, então, supomos que é telepatia, e esquecemos que muitas vezes estávamos enganados. Não é uma hipótese irracional, porém, durante milhões de anos, os cépticos fugiram disto sem um sinal de evidência para esta hipótese. E, evidentemente, uma hipótese precisa de evidência. Eu experimentei este fenômeno utilizando experimentos simples. Nos experimentos, cada pessoa nomeia quatro pessoas que poderiam comunicar-se com ela telepaticamente, como amigos próximos ou familiares, e proporciona, também, os números de telefone. A pessoa, objeto do experimento, senta-se em casa em frente do telefone, com uma câmara de vídeo enfocando-lo. Pedimos-lhe a uma destas quatro pessoas, ao acaso, que lhe telefone. Então, antes de levantar o telefone, a pessoa deve investigar qual das quatro lhe está telefonando. Por acaso, acertaremos em 1 de cada 4 vezes, um 25%. Fizemos centenas destas ligações, e a percentagem média é 45 %, a qual está, muito significativamente, acima do acaso. As pessoas não acertam sempre, porém sim, muito mais frequentemente, do que poderíamos esperar. E isto cria uma situação muito artificial quando se inibe a comunicação telepática.
Também, fizemos experiências com e-mails porque as pessoas se comunicam assim, estamos pensando em alguém e, de repente, recebemos um e-mail dessa pessoa. E isto produz resultados muito semelhantes aos obtidos com os experimentos com o telefone. Nos experimentos com o telefone procuramos o efeito da distância. Procuramos sujeitos jovens que tivessem chegado recentemente na Inglaterra desde a Austrália ou a Nova Zelândia, e fizemos experimentos nos quais duas das pessoas estavam na Inglaterra e as outras duas eram membros da família que estavam do outro lado do mundo, e faziam-no melhor com membros da família, que estavam do outro lado do mundo, do que com quem estava perto, mostrando que o que importa é a proximidade emocional mais do que a proximidade física. Também, realizaram-se provas com dois elementos estrangeiros e dois membros da família, e o acerto com os estrangeiros é, mais ou menos, a percentagem do acaso, e mais de duas vezes a percentagem do acaso com os membros da família, mostrando que depende de conexões emocionais, de familiaridade. Também, temos experimentos automáticos de telepatia entre amigos utilizando os celulares, alguns destes experimentos foram começados esta semana. Podem achar-se estes experimentos entrando na minha página Web: www.sheldrake.org, pode achar-se, também, muita mais informação sobre esta investigação, e versões “online” dos meus artigos em publicações científicas.
E como está tudo isto relacionado com os campos familiares? Em primeiro lugar, considero uma família o exemplo clássico de grupo social com um campo morfogenético coordenando os diferentes membros. Os membros de uma família estão conectados entre si como os lobos de uma manada ou uma bandada de pássaros, e através dos campos mórficos do grupo permanecem conectados, inclusive, quando estão afastados uns dos outros. Este campo influencia no seu comportamento e funciona através de suas mentes de forma consciente para coordenar o que fazem, eu fiquei fascinado quando li um livro, ou um capítulo de um livro, de Hellinger sobre a consciência, a consciência familiar não diz o que está bem ou mal no sentido de absoluto sentido de moralidade, senão que tem a ver com o que se ajusta ou não ao grupo e a sua coordenação, e estes campos familiares como outros campos mórficos têm uma memória herdada, é uma memória coletiva e a forma mais simples de família seria a memória coletiva que provem das famílias dessa cultura, o princípio de ressonância mórfica é um princípio conservador, de hábitos, assim que os padrões mais frequentes de organização seriam os predominantes no campo familiar.
Também, existem memórias mais específicas, simplesmente se sintonizamo-nos com o inconsciente coletivo através de nossas mentes individuais influenciadas pelo inconsciente coletivo, o qual proporciona o arquétipo básico da experiência humana de acordo com Jung, existem memórias mais específicas de membros do nosso grupo de pessoas semelhantes a nós no passado que teriam um efeito mais específico através da memória coletiva. Se formos ingleses estaremos mais influenciados pelos ingleses do passado que pelos chineses. Do mesmo modo, nos campos familiares, o campo que cada pessoa traz de sua família a uma nova relação quando forma uma nova família, herdará através da ressonância mórfica campos do passado, e isto introduz uma distorção nos campos da geração prévia, esse padrão pode ser herdado inconscientemente e levado através do campo para a próxima família.
Acredito que para mim, o aspecto mais intrigante das terapias sistêmicas familiares é a forma de trabalhar com uma pessoa em um grupo e de estabelecer o modelo desse campo mediante diferentes pessoas que permanecem no grupo tratando de influenciar o próprio campo familiar, e a forma de produzir transformações nesse grupo, por exemplo, reconhecendo, ou trazendo para ele, membros do grupo que em gerações anteriores tinham sido ignorados, e que isto pode ter um efeito curador para as famílias á distância, como se fosse telepaticamente. Eu não posso lhes explicar os detalhes de como isto funciona já que vocês sabem mais do que eu sobre isto (dirigia-se a um grupo de consteladores familiares). Porém, sim posso ter exposto o tipo de coisas e mostrado os mecanismos pelos quais este campo trabalha. E isto encaixa em um padrão mais amplo de como funciona a natureza, as memórias que existem, e como funcionam os campos de organização em diferentes níveis da natureza, e como funcionam os campos sociais em grupos animais e não somente humanos. Existem princípios gerais que penso que são importantes no que vocês fazem nesta classe de terapia (Constelações Familiares).
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(Notas de Rupert sobre comentários do público)
Tudo o que aprendemos é facilitado pela ressonância mórfica.
A ressonância mórfica não garante que cada vez sejamos mais ou menos elevados. A principal implicação moral é que sabemos como o que fazemos e dizemos afeta os outros, inclusive, os nossos pensamentos e atitude afetam os outros. E isto, talvez, faça-nos mais responsáveis, se queremos não propagar padrões não desejáveis.
Os hábitos tendem a se repetir todo o tempo que lhes seja possível, precisamos dos costumes, somos criaturas de hábitos, de forma consciente ou inconsciente, porém, se mudarmos os hábitos, primeiro, temos que ter consciência de que o estamos fazendo e, depois, substituí-los por outra coisa, formando outra maneira de se comportar, ou de responder, que se transformem em hábitos novos. Desde o ponto de vista fisiológico, existem hábitos que não se podem mudar nunca, por exemplo, todos os que têm a ver com nossa fisiologia. A criatividade é uma forma de interromper, romper ou bloquear hábitos, e o Universo implica um jogo entre o hábito e a criatividade, de outra forma não haveria evolução. Porém, que se libere a criatividade depende do bloqueio dos hábitos.