Instituto de Constelações Familiares Brigitte Champetier de Ribes / Brasil

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"Eu escolho a vida" a cada hora em ponto

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Sobre os Campos Morfogenéticos, a Alma e o Espírito.

Bert Hellinger e Ruppert Sheldrake em Wiesloch. Alemanha, 1999

Ruppert Sheldrake

Acredito que a primeira vez que percebi o potencial das memórias das famílias que surge do trabalho terapêutico, foi quando coincidi com Anne Ancelin em Paris, faz já bastantes anos. Falou-me de uma série de coisas que ela tinha descoberto através do seu trabalho. Pareceu-me muito surpreendente como se acarreiam as memórias nos campos do grupo, - meu próprio trabalho é sobre os campos e os campos da memória-, fiquei realmente impressionado com estes exemplos. Queria saber como isto pode ser compreendido de uma forma mais sistêmica. No seu novo livro, “Las respuestas al síndrome”, está este desenvolvimento. É esta uma fase muito interessante do seu trabalho.

Referente ao trabalho de Bert, ouvi falar dele pela primeira vez aqui, na Alemanha. Muitos dos meus amigos alemães me falavam “Deve saber mais sobre o trabalho de Bert Hellinger, certeza que lhe interessará muito”. Falaram-me tantas vezes, que quando fiquei sabendo que vinha para Londres, minha mulher e mim fomos ao seu workshop. Fiquei muito surpreendido com o que vi. Trabalhei muito com a idéia dos campos morfogenéticos nos grupos sociais de animais, sua influência em seu desenvolvimento biológico e o cenário diante de mim, fez-me ver essas constelações familiares. Ficou totalmente evidenciado que esses eram os campos das famílias que, de fato, estavam atuando diante de mim em uma espécie de obra teatral, de forma ritual, com uma qualidade curativa impressionante.

Meu próprio trabalho é sobre estes campos que conlevan inter-relações no espaço e envolvem memórias do passado. Há muitas teorias sobre campos que propõe inter-relações no espaço, porém não contemplam as memórias. Era evidente que aqui havia uma teoria de campos com uma evidente memória nela.

O processo que faz que surja essa memória, eu o denomino “ressonância morfogenética”.

Foi para mim impressionante ver os campos morfogenéticos realmente em ação. Não como um conceito abstrato em papel, algo que investigamos simplesmente através de experimentação científica, senão realmente atuando diante de uma pessoa. Isto foi uma revelação extraordinária e fiquei realmente comovido.

Tive a oportunidade de conhecer o senhor Bert em Londres, e posteriormente consegui assistir um workshop que Hunter realizou em Londres, foi também uma grande revelação. Uma experiência maravilhosa. Estou realmente impressionado com este trabalho e penso que há muito em comum com o estudo, mais teórico e biológico, que eu estive realizando sobre os campos morfogenéticos.

(…)

Hunter Beaumont:

Senhor Bert, este pode ser o momento no qual falei de seus pensamentos. De estarem mais baseados na alma do que em ter alma.

Bert Hellinger:

Bom, quando fizemos as constelações familiares também tínhamos a idéia do campo morfogenético, já que algumas memórias estão ativas em gerações posteriores. Se houvesse alguém com uma vida muito difícil ou dramática, circunstância de uma morte trágica, depois, em uma geração posterior, de alguma maneira, repetir-se-ia.

Porém, por detrás disto, parece que há certas leis conforme as quais alguns acontecimentos se repetem. (…)

Voltando ao exemplo de Kosovo, posso imaginar que se os sérvios pudessem ver seus soldados mortos durante todos esses séculos, deitados do lado dos muçulmanos mortos, simplesmente olhando uns para os outros… e se, de fato, fossem colocados em uma constelação familiar, haveria um movimento interessante no qual os mortos se juntariam uns aos outros, conseguindo encontrar a paz com um amor muito profundo. Talvez então, os que restam vivos poderiam ver a situação com uma perspectiva muito diferente e poderiam olhar-se uns para os outros com outros olhos.

Agora, este movimento somente seria possível se os perpetradores e as vítimas, ambos, estivessem a serviço de uma força muito maior do que eles. Se todos olhassem para essa força maior, então, o antagonismo poderia cessar e tornar-se-iam mais humildes na alma dessa força maior.

O que une tudo isto o chamo “a alma maior”. Não tenho um nome melhor. Porém, vai além dos campos porque o campo é fixo e a alma é algo que se movimenta e passeia pelo curso da história e da vida pessoal. Desta alma participamos.

Em vez de ver o indivíduo como possuidor de uma alma, ele participa em uma alma. Esta alma tem vários níveis. Em primeiro lugar, à primeira vista, há um nível muito duro, muito cruel, que é o que atua nestas guerras e por detrás dele existe algo muito diferente.

Por exemplo: poderia colocar uma família de duas pessoas e não aconteceria nada. De repente, são levados por uma força e afrontam o verdadeiro problema. Esta força dirige-os para uma solução que vai além das leis que operam no primeiro nível. Se chegarmos a essa alma, alcançaremos a força curadora. Esta seria uma forma breve de resumir…

(…)

Ruppert sheldrake

Interessei-me muito por tudo isto, especialmente pela questão do poder curador e da alma maior. Penso na alma sendo muito semelhante ao campo, mas o campo é algo que tem hábitos mantendo a estabilidade do sistema tal como é. Como bem diz, não teria por si mesmo o poder de curar.

Pergunto-me, já que cada idioma tem suas próprias expressões, se em inglês a palavra que teríamos para isto seria “Espírito”, já que o poder que movimenta é o Espírito; em alemão tem um significado mais amplo, porém quem movimenta e quem traz as mudanças, ou quem cura tradicionalmente é o Espírito, a alma é quem dá a estabilidade, a forma e a estrutura.

Pergunto-me se consegue vê-lo em termos do Espírito que trabalha através da alma…

Bert Hellinger:

Para mim, a alma, mesmo que seja muito ampla e profunda, está limitada e o Espírito vai além. Neste sentido o que abrange o Espírito é para mim um grande mistério. O que contém a alma é observável. As leis que operam nela são observáveis, as leis que levam à distração são observáveis. Portanto, eu teria cuidado de chamar alma, algo que pode de alguma forma, ter uma conotação divina ou religiosa. O religioso vai para mim, além disto, e pertenceria ao campo do Espírito. Por isso, eu diferenciaria estes dois campos.

Ruppert sheldrake:

Também eu estou de acordo com que a alma está limitada e o Espírito não, ou está menos, mas de alguma maneira, o Espírito deve trabalhar através da alma ou nela. De certa forma, tocará a alma se o poder do Espírito trabalhar nela e através dela. Então, estarei de acordo com que é um mistério, porém, vê o Espírito trabalhar através da alma ou o vê completamente separado dela, sem que tenha nada a ver com ela?

Bert Hellinger:

Não, não diria isso. A explicação que acabo de dar me parece boa, porque a alma mesma não pode trabalhar independente de algo que está detrás, além dela, sendo assim, estou de acordo com o que diz.

(…)

Bom, o que eu observei nestas famílias e pode ser estendido, - agora tenho muita certeza-, é que há algo como uma consciência inconsciente que opera de acordo com algumas leis que já as defini. A primeira lei, é que esta consciência, ou esta alma inconsciente, deseja preservar a integridade do grupo, e cada vez que um membro do grupo é excluído ou esquecido, esta consciência ou alma escolhe alguém de uma geração posterior para representar a pessoa esquecida. E esta pessoa posterior atua e vive a vida do seu ancestral. Esta é uma observação.

A segunda lei que observei, é que esta consciência deseja estabelecer um equilíbrio entre o lucro e a perda, e se alguém foi culpado em uma geração anterior, mas não afrontou sua culpa, então, alguém de uma geração posterior se atormentará com esta culpa. Por exemplo, se matará, ou muitos descendentes de até três gerações terão tendências suicidas e tentarão expiar a culpa do anterior.

Ruppert sheldrake:

Falando de campos morfogenéticos, estes não estão limitados a grupos humanos ou a mentes humanas, estendem-se, inclusive, a grupos de animais. Os lugares também podem ter campos morfogenéticos.

E, pelo mundo todo, encontramos tradições com as memórias dos lugares. De fato, a peregrinação está baseada em recorrer lugares no quais existem memórias poderosas do que aconteceu no passado.

E também, existem histórias de obsessões e más influências ao redor dos campos de batalha. Assim que, acredito que qualquer hipótese ou teoria deve ter em consideração à memória do lugar.