Instituto de Constelações Familiares Brigitte Champetier de Ribes / Brasil

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"Eu escolho a vida" a cada hora em ponto

Convidamos você, a cada hora, a criar uma nova vibração ao redor do mundo, dizendo “EU ESCOLHO A VIDA” junto com milhares de pessoas. Todos juntos a serviço da vida.



A grande paz

Revista Hellinger, março 2010

O amor

Juntamente com os conflitos que, em sua maioria, nascem da boa consciência e da vontade de sobrevivência, existe também entre as pessoas um movimento de aproximação mútua, um anseio por se vincular e a curiosidade por se conhecer mais de perto.

Este movimento inicia-se entre o homem e a mulher graças ao amor, quando ambos pertencem a famílias diferentes. Graças a esse novo casal, aproximam-se as famílias e vão formando um clã, dentro de cujos limites reina a paz.

O intercâmbio

A outra via pela qual as famílias diferentes aproximam-se e abandonam seu medo diante de outras famílias, é o intercâmbio entre dar e tomar, o qual oferece vantagens para ambas as partes e as vincula mais estreitamente entre elas. Às vezes, podem juntar-se para encarar uma ameaça de outros grupos, para garantir suas chances de sobrevivência juntos.

Quando são necessários aliados em um conflito, juntam-se as diferentes partes diante de um inimigo comum. O intercâmbio intensifica-se graças a isso, assim como a coesão. É assim como a paz interna é servida pelas ameaças exteriores e o inimigo.

A consciência

Este grupo desenvolve uma consciência comum que o permite delimitar-se diante de outros grupos. Sob a influência dessa consciência, os pertencentes ao grupo se sentem melhor do que os outros e lhes denigrem. Tudo o que grupo próprio serve, e que deve ser cumprido como condição para a pertença, será recompensado pela consciência com o sentimento de ser bom, inclusive de ser o melhor. Desta forma, tudo o que vai dirigido contra as pessoas fora do grupo e que serve aos limites e à proteção desse mesmo grupo, se verá recompensado e aprovado pela consciência como algo bom, incluindo os sentimentos agressivos, que aumentam a disposição ao conflito e ao combate. A paz no interior e a boa consciência que lhe garante são requisitos para uma superação exitosa dos conflitos para fora.

A impotência

Como conseguir, pois, a paz entre os grupos em conflito? Habitualmente e somente quando as diferentes partes não derem mais e suas forças se esgotarem – sempre e quando seja de potência similar – e quando ambas as partes compreenderem que a continuação do conflito somente trará mais perdas. Então, concluirão a paz. Delimitarão novas fronteiras, respeitarão seus limites respectivos e, depois de um tempo, começarão novamente o intercâmbio entre dar e tomar, levando, talvez depois, a uma união como grupo maior.

O triunfo

Porém, que acontece quando um grupo venceu e submeteu outro, inclusive talvez, procurando exterminar-lo? Depois de sua vitória, o grupo vencedor perderá sua coesão interna. Com isso, o grupo vencido se fará valer novamente. Quando triunfar, o grupo vencedor começará a desfazer-se e a decair.

A compreensão

Eu descrevi aqui o tema em linhas gerais e de maneira global. Igual que na vida, estas generalidades não fazem justiça à plenitude do concreto. Vistas desde fora, a guerra e a paz parecem, em sua alternância e sua dependência mútua, uma fatalidade inevitável. E assim serão, enquanto os nexos mais profundos entre guerra e paz permaneçam na inconsciência de nossa própria alma, inacessíveis para conseguir uma compreensão essencial.

Uma compreensão é que cada conflito grande está destinado a fracassar. Por quê? Porque nega o que é óbvio e porque desloca para fora o que somente tem solução dentro de nossa alma.

Com isso, não quero dizer que todos os conflitos podem consertar-se desta forma, nem que podamos nos acomodar sem conflitos. Estes pertencem, inevitavelmente, ao desenvolvimento dos indivíduos e dos grupos. Não obstante, as compressões essenciais permitem solucionar os conflitos da melhor forma, com mais discernimento e com o reconhecimento das necessidades de cada parte, assim como os limites que lhes são determinados para uma solução concertada. No final, toda paz alcança-se através de uma renúncia.

A paz interior

O indivíduo vive constantemente um conflito interno entre seus sentimentos, necessidades e pulsões. Cada um deles é importante, porém somente podem prevalecer e alcançar sua meta na medida em que se respeitem mutuamente e encontrem um acordo. Ao fazê-lo, algo obterão ao mesmo tempo no qual, com vista para o todo, deverão renunciar a algo. Quando estiverem em equilíbrio entre eles, nos sentiremos bons e em paz. Porém, enquanto se mantiverem em conflito, enquanto seus limites e suas possibilidades não se estabelecerem, nos sentiremos mal, talvez também agitados, às vezes, doentes e esgotados.

A pergunta é: Trata-se aqui somente de um conflito interno ou de um conflito externo trasladado ao interior? Pois, trata-se de um conflito tanto interno como externo. Para entender melhor esta combinação entre interior e exterior, conecto-me de novo com o campo do espírito.

A paz em um campo do espírito requer sine qua non que todos os que lhe pertençam estejam reconhecidos igualmente como pertencentes ao campo. Isto se consegue somente quando os “bons” tiverem examinado o ruim e o perigoso de sua própria boa consciência. Somente então, conseguirão ultrapassar os limites da boa consciência, mesmo que seja com um sentimento de culpa e má consciência. Somente então, conseguirão dar, neste campo, um lugar com os mesmos direitos ao excluído, especialmente às pessoas excluídas.

A percepção

Dentro do campo, a percepção dos membros do grupo é reduzida.

Em um campo, todos os padrões se repetem, e claro também os padrões de comportamentos humanos, principalmente porque o excluído ou os excluídos excluem também, com toda boa consciência, àqueles que os excluíram, de maneira que o conflito entre eles não é mais que um conflito entre duas boas consciências que se opõe. Ambas estão restringidas e ambas estão em um delírio que lhes fazem acreditar que poderão finalmente vencer o outro e livrar-se dele.

“Portanto, a roda do conflito gira alternadamente de tal forma que os “bons” de antes se tornam os “ruins” de depois e, inversamente, os “ruins” de antes” são os “bons” de agora.

Rupert Sheldrake observou que um campo somente pode modificar-se quando um impulso novo, originado desde o exterior, vem para colocá-lo em movimento. Este impulso é algo espiritual, isto é, que chega desde uma nova compreensão. No começo, o campo nega-se a essa compreensão e tenta reprimi-la. Não obstante, no momento em que um número suficientemente grande de membros do campo é abrangido por essa compreensão nova, inicia-se um movimento do campo todo. Consegue-se abrir à compreensão. Consegue deixar atrás o ultrapassado e atuar de outra forma.

Uma compreensão nova seria, por exemplo, a percepção de que os conflitos graves têm sua origem na boa consciência e que ganham suas energias agressivas dela.

Outra compreensão produziu-se por causa das constelações familiares e seu desenvolvimento no andar com os movimentos da alma. Vimos que, ao outorgar suficiente tempo aos representantes de uma constelação e quando estão centrados, são repentinamente pegos por um movimento que se orienta sempre na mesma direção, e isso sem interferência de fora. Este movimento leva a juntar, em um plano superior, o que estava anteriormente separado. Desta maneira, estes movimentos da alma nos trasladam a um caminho de conhecimento, no final do qual os grandes conflitos perdem sua fascinação e seu sentido.

Estes movimentos ultrapassam as fronteiras da boa consciência e, portanto, as fronteiras do próprio grupo, reunificam o que estava separado para formar uma unidade maior, que enriquecerá ambas as partes e as farão ir para diante.

A outra consciência

No nível dos movimentos da alma, atua outra consciência. Simultaneamente com essa consciência que nos faz sentir culpados ou inocentes, existe e torna-se perceptível aquela consciência que nos orienta em sintonia com algo maior, além das fronteiras do nosso grupo e que une, a um nível superior, o que se encontrava aqui em oposição. Porém, somente quando já tenhamos recorrido um pedaço do caminho que nos leve a ultrapassar os limites de nossa consciência habitual. Esta outra consciência é percebida através da tranquilidade ou da intranquilidade, da serenidade centrada ou, também, de um sentimento de ausência de metas, de agitação e de já-nao-saber-nada. Detrás da qual, se por acaso perdermos nosso recolhimento, acabaremos novamente sob a influência da boa e má consciência. Porque a sintonia significa que estou com muitos, e finalmente com todos, em sintonia e que não sou inimigo de ninguém. Em compensação, no marco de influência da boa consciência, estou unicamente vinculado a um lado, em conflito com o outro lado, até a vontade de extermínio.

Entrar no campo de influência da outra consciência significa, então, que deixamos atrás as imagens de inimizade. Para dizer a verdade, existe também nesse nível ou conflito – isso pertence inevitavelmente a todo crescimento e desenvolvimento – porém, sem imagens e sem vontade de extermínio. E especialmente, sem ímpeto e sem afã.

Onde, então, começa a grande paz? Ali onde acaba a vontade de extermínio, seja qual for sua justificação, e ali onde o indivíduo reconhece que não há humanos melhores e humanos piores. Todos estão intrincados a sua maneira e, portanto amarrados, nem mais nem menos, do que nós. Nesse sentido, somos todos iguales.

Quando o percebemos e o reconhecemos, quando percebemos que nossa consciência não nos deixa livres, podemos encontrar-nos mutuamente sem arrogância. Respeitando as fronteiras impostas, podemos dar uma olhada por cima da nossa boa consciência e andar além, e encontrar-nos em algo maior. Aqui começa a grande paz.

O outro amor

O caminho para esta paz irá sendo preparando por outro amor, um amor que vai além das fronteiras da boa consciência. Jesus descreveu este caminho, assim como diz aqui: “Sejam misericordiosos como meu Pai no céu. Ele deixa brilhar o sol sobre os bons e os ruins, e deixa chover sobre os justos e os injustos”.

Esse amor por todos tal como são é o outro amor, o grande amor, além do bem e do mal, e além dos grandes conflitos.